Passagem



A mulher desce a rua sem porque nem quando.
É só uma mulher passando, como um rio.
Tudo é incerto, mas seus passos são firmes.
A mulher toma a forma de um pássaro,
esforça-se para esquecer.
A mulher não tem nome.
Tudo está à seu favor, tudo está ao seu redor.

Quantas mulheres passam diariamente nessas ruas?
Quantas usam as saias amarelas e negras?
Quantas mantêm o coração em movimento?
A vida é grave. Não tão grave como no poema, no entanto.

A mulher caminha para arejar-se.
Um dia não estará. 

Um comentário:

  1. O que você escreve é das coisas que eu tenho vontade de guardar escritas perto de mim. São textos lindos e que eu sei que algum dia eu vou estar em algum lugar e querer lembrar deles palavra por palavra.

    Beijos.

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