Tomate e queijo.



A água quente no banho, a unha feita, a roupa recém chegada da lavanderia,
No mais, não tinha amigos, marido ou filhos.
O domingo acentua a solidão.

Todos os dias, mantinha a rotina: Descia a rua, comia o sanduiche, esperava.
Nada acontecia.
Então era preciso subir a rua, voltar a casa, sentir-se só, dormir.

Às vezes ia comer sanduiche do outro lado da cidade.
Pegava o metrô, o ônibus, ia vendo muita gente.
Ia vendo todas aquelas caras e esquecia-se da sua.

Como era mesmo o seu rosto?
Olhava no espelho de alguma vitrine.
De resto não perdia tempo com confusões.
Seguia.

Uma noite sonhou um queijo podre, azul.
Acordou nervosa.
Sonhar não faz mal.
Até lá, a ladeira, as descidas e subidas,
a espera, o sanduiche, o tempo. 

Um comentário:

  1. Por vezes, confiamos demais no tempo e nos sanduiches da vida, sem nos permitir experimentar o inesperado...

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