No meu país, começamos o
isolamento social em 16 de abril de 2020. Já estamos em 14 de junho de 2021 e
ainda não saímos. A maioria dos países estabeleceu um lockdown e conseguiu frear
o vírus, mas por aqui os políticos não quiseram comprar a briga com os
empresários e nós estamos em quarentena há mais de um ano. Vai ser necessário
que 100 milhões de pessoas peguem o vírus para que a gente consiga a imunidade
de rebanho. Ontem, 90 milhões de pessoas estavam contaminadas. Pra frente,
Brasil.
Eu não saio de casa há
oito meses. Ninguém conta mais. As noites se derramam e se misturam com os
dias. Nada faz sentido. Eu tenho conversado com alguns amigos que dizem que
nada fazia sentido aqui mesmo antes do vírus. Todo mundo já acabou com a Covid,
menos a gente. Mas nós também fomos os últimos e acabar com a escravidão. Isso aqui está muito pessimista, eu sei. Mas faço
lives. I’m alive. Ainda.
No início, as pessoas
diziam: vai passar. Mas daí, nos demos conta que a nossa vida também estava
passando. Isso não ajuda. É preciso tomar providências. O presidente pegou a
doença no fim de 2020. Ele fez um churrasco que vinha prometendo desde maio e
foi contaminado. Quando recebeu o resultado positivo saiu correndo pelas ruas
cuspindo nas pessoas e a polícia teve permissão para atirar. O vice assumiu em
seguida, mas não ficou muito tempo no cargo.
Não sei quem é o presidente
atual. Há muito tempo não falo com ninguém. Esse país é muito esquisito. Esse
país me deixa com falta de ar. Esse país comprova que ignorância mata. Vai passar?
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