Poema para cidade da Bahia.

A cidade que esta tarde me viu partir.
A cidade que veio de Aruanda.
A cidade baixa.
A cidade abriu falência.
A cidade fálica, mergulhada em urina.
A cidade filtrada pelos meninos do cais do Porto, suas silhuetas escuras e pequenas.
A cidade repousa, circundada por varejeiras.
A cidade descoberta, abandonada, redescoberta.
A cidade e suas ilhas.
A cidade que faz o itinerário: Praça da Sé – Avenida Sete – Campo Grande – Garcia – Garibaldi – Rio Vermelho – Amaralina – Itapuã - Dique do Tororó – Lucaia – Vasco da Gama – Baixa dos Sapateiros - Praça da Sé.
A cidade que era o sonho, que recebia barcos.
A cidade impregnada de lembranças. 

5 comentários:

  1. E a cidade, que já não nos pertence, será para sempre nossa.
    ( pra ser lindo ao som de Caymmi, ou de Caetano cantando-e eu, menos estrangeiro no lugar que no momento, sigo mais sozinho caminhando contra o vento...-)
    Amor,
    Nanda.

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  2. Essa cidade que se acostumou a sentir medo.

    Sempre bom passar por aqui.

    Beijo.

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  3. MINHA LINDA, DÊ UM PULINHO LÁ NO BLOG:

    http://cariboxoxo.blogspot.com/

    ESTOU TE AGUARDANDO. VC É BELE, BELA MAIS QUE BELA.

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  4. Canção do Exílio (se Gonçalves Dias nascesse na Bahia)

    Rodolfo Pamplona Filho




    “Minha terra tem palmeiras,

    Onde canta o Sabiá;

    As aves, que aqui gorjeiam,

    Não gorjeiam como lá.”




    Minha terra tem palmeiras,

    onde canta o Sabiá;

    mas também há outras coisas

    que valem a pena apreciar...




    Minha terra tem coqueiros,

    cujos côcos têm uma água doce;

    tão feliz eu não seria,

    se baiano eu não fosse




    Há um mar verde-azulado

    que parece não ter fim,

    com uma brisa de beijo salgado

    de uma mulher que só diz sim...




    Há um clima maravilhoso,

    em que imperam o sol e o calor

    e onde um inverno rigoroso

    se limita a chuva e a frescor.




    E uma comida abençoada por Deus,

    que é uma mistura democrática de heranças,

    convivendo negros, índios e europeus,

    ensinando o respeito ao outro desde crianças.




    Minha terra tem musicalidade

    e um artista em cada cidadão,

    fazendo festa em cada canto da cidade,

    pois ser feliz não custa um único tostão.




    Minha terra tem um povo hospitaleiro,

    que trata o visitante como um amigo,

    recebendo-o em seu ambiente caseiro,

    como se fosse um companheiro antigo.




    “Não permita Deus que eu morra,

    Sem que eu volte para lá;

    Sem que disfrute os primores

    Que não encontro por cá;

    Sem qu'inda aviste as palmeiras,

    Onde canta o Sabiá.”




    Não permita Deus que eu morra

    e perca toda esta alegria...

    sem que lembre dos amores

    que deixei na minha Bahia




    Não permita Deus que eu morra,

    sem que eu volte para lá;

    sem que eu reveja meus amores

    que não existem por cá;

    sem que eu chore horrores,

    até reencontrar o meu lugar.




    Salvador, 10 de julho de 2010

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